Ter optado pela ECA foi uma decorrência da minha vida. Incompetente em qualquer ciência exata, terminei o colegial (em escola pública) de forma sofrível. Pobre e tendo de trabalhar, só encontrava prazer nas chamadas artes: literatura, música, teatro, cinema, artes plásticas.
Estudar Cinema foi uma opção que englobava, de certa forma, todas as artes que eu amava.
A ECA, além de me dar uma formação humanística mais sólida, possibilitou o encontro com pessoas que compartilhavam, de alguma forma, minhas ansiedades. Foi marcante entrar em 1979 e me deparar com uma greve de 40 dias dos funcionários. Os estudantes indo às ruas contra a ditadura, contra a censura, apoiando outras categorias, me fizeram acreditar na possibilidade de mudar o mundo, de alguma forma.
Esse período foi determinante na minha vida. Depois de formado, sempre trabalhei com audiovisual (vídeo, televisão). Meu envolvimento profissional com a militância se estendeu a outras categorias, e além do trabalho sindical, acrescentei uma faceta ambientalista, sem jamais deixar de lado o envolvimento com todas as formas de expressão artística. Realizei documentários e reportagens sobre música, teatro e artes plásticas e trabalho muito com arte-educação.
A vontade juvenil de contar histórias através do Cinema acabou se transformando em literatura. Publiquei contos e romances, recebi alguns prêmios, e isso me deu fôlego para continuar na luta.
Aluno | Turma | Curso |
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Daniel Brazil | 1979 | Cinema |
Fotos enviadas a Luiz Milanesi em janeiro de 2017 por ocasião dos 50 anos da ECA e depoimento concedido em abril de 2024 para inclusão no ÁgoraECA.