Paulo Fehlauer, da turma de Jornalismo de 2002, foi premiado pelo livro “Extremo Oeste”. Entre os finalistas da nova categoria do Jabuti estava outro ecano, Leonardo Piana (RP, 2011), que concorreu com “Sismógrafo”
O jornalista paranaense Paulo Fehlauer foi o vencedor da categoria Escritor Estreante, eixo Inovação, do 65º Prêmio Jabuti, com o romance “Extremo Oeste”, lançado pela Cepe Editora.
O anúncio foi feito no dia 5 de dezembro, em cerimônia realizada no Theatro Municipal de São Paulo, comandada pelos ecanos Sandra Annenberg (EAD, 1988) e Ernesto Paglia (Jornalismo, 1977).
“Extremo Oeste” já havia vencido o VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura na categoria Romance, uma das principais premiações do país destinada à publicação de obras inéditas. “A primeira obra carrega todo um aprendizado sobre o trabalho da escrita, então envolve muita entrega do autor, além de muita expectativa. Foi assim com ‘Extremo Oeste’, um livro em que explorei temas muito próximos à minha experiência e às memórias da região em que cresci. Além do reconhecimento, o prêmio é um grande estímulo para a continuidade do meu trabalho com a literatura”, destacou Paulo.
Novidade apresentada na edição 2023 do Jabuti, a categoria Escritor Estreante é uma oportunidade oferecida pela Câmara Brasileira do Livro para dar visibilidade a escritores e escritoras em seu primeiro livro, para que possam alcançar um público amplo, além de estimular outras pessoas a escreverem seus textos e livros.
Paulo Fehlauer concorreu com outros quatro autores: Cristianne Lameirinha (“A Tessitura da Perda”, Editora Quelônio), Júlia Portes (“O Céu no Meio da Cara”, NAU Editora), Valentim Biazotti (“Síngulas Brasilis Fantásticas”, Editora Penalux) e o também ecano Leonardo Piana – RP, 2011 – (“Sismógrafo”, Edições Macondo). Este ano, o Jabuti registrou 4.245 obras inscritas em 21 categorias, com quatro eixos.
Sobre a obra
Segundo Paulo Fehlauer, o livro traz elementos autobiográficos. “Não só pelos cenários, eventos e até imagens, que são os da minha vivência desde a infância, mas também pelas reflexões que ele propõe. Se dá para sintetizar o romance de alguma forma, eu diria que ele explora esse limiar em que a experiência individual e a coletiva se encontram e se misturam, em que o histórico se torna pessoal e vice-versa.”
Em “Extremo Oeste”, Marcello é um amigo de infância desaparecido, a quem o narrador se dirige na tentativa de encontrá-lo, mergulhando a fundo nos rastros dessa amizade. Entre viagens, fugas e exílios autoimpostos, ele busca entender a história por trás das ausências e das pegadas do desaparecido, revendo imagens, diários, cartas, fotografias em preto e branco – memórias que revelam aflições e lugares não identificados e que funcionam como rastros. O autor coloca a linguagem como elemento fundamental da complexa anatomia de uma amizade e de seu abrupto fim.
No percurso do narrador, o romance recupera os anos 1980 para discutir a memória de Itaipu e o apagamento das Sete Quedas do Rio Paraná. Segundo Paulo, o romance “nasce da vontade de escavar camadas de história que se acumulam na paisagem do oeste do Paraná, região pouco explorada na literatura brasileira.” Entre essas camadas estão a presença histórica dos guaranis, a fundação de uma cidade real por jesuítas no século 16, a colonização por imigrantes europeus no início do 20 e a expulsão dos seus descendentes por conta da usina. A esse núcleo inicial foram sendo articuladas outras camadas, em especial o centro de São Paulo e a Espanha. A obra “explora o limiar em que a experiência individual e a coletiva se encontram e se misturam, em que o histórico se torna pessoal e vice-versa”.
Sobre o autor
Paulo Fehlauer nasceu em Marechal Cândido Rondon, oeste do Paraná, em 1982, e reside na cidade de São Paulo. Graduado em Jornalismo pela ECA, mestre em Estudos Literários pela Unifesp, doutorando em Teoria e História Literária na Unicamp, com especialização em Formação de Escritores de Ficção pelo Instituto Vera Cruz, além de escritor, é fotógrafo, produtor audiovisual e artista visual. Em 2008, fundou o Coletivo Garapa, com o qual desenvolve uma trajetória artística que inclui trabalhos exibidos em instituições como Masp, MAM-SP, MIS-SP e Instituto Moreira Salles. Atua também como professor e coordenador de oficinas de literatura e artes visuais.
Ecanos finalistas do Prêmio Jabuti 2023
* Julián Fuks (Jornalismo, 2000)
Crônica: “Lembremos do Futuro: crônicas do tempo da morte do tempo” (Companhia das Letras)
* Eloar Guazzelli Filho (Mestrado em Ciências da Comunicação, 2006)
Histórias em Quadrinhos: “A Batalha”, com Fernanda Veríssimo (Quadrinhos na Cia.)
* Vitor Cesar Junior (Mestrado em Artes Visuais, 2007)
Projeto Gráfico: “Tomie”, com Felipe Carnevalli De Brot (Instituto Tomie Ohtake)
* Leonardo Piana (Relações Públicas, 2011)
Escritor Estreante: “Sismógrafo” (Edições Macondo)