Eu nasci e cresci em Araçatuba, no interior paulista. Lugar de muito calor, poeira e boi gordo de sobra, que não eram meus. Sempre estudei em escola pública e no fim do colegial fui bolsista numa instituição católica.

Era uma verdadeira CDF, mas em língua portuguesa me destacava mais porque um professor do cursinho fazia perguntas aos alunos e eu não queria ficar vermelha e passar vexame na sala lotada. Nem sabia que isso ainda iria me ajudar.

Aos domingos, via jovens da minha cidade pegando ônibus na rodoviária para estudar em São Paulo. E eu queria ser um deles.

Naquela época, havia poucas oportunidades para os estudantes da minha região, e para cursar uma boa faculdade a melhor saída era a Fuvest. Pra mim não tinha outro jeito mesmo. Minha mãe dizia que se eu não passasse na USP não teria como pagar uma particular.

Fiz três promessas para passar no vestibular, cheguei à ECA – a conhecida Escola de Comunicações e Artes da tão famosa Universidade de São Paulo (USP). Queria estar no lugar que formava as melhores cabeças do país no meio cultural e da informação. Passei. As promessas paguei, todas.

Inicialmente, morava num pensionato na Rua dos Pinheiros, para ficar mais perto da ECA e aproveitar cada hora livre nas atividades complementares a que tinha acesso.

Depois, me mudei para a Vila Mariana, numa república, onde dividia um apartamento com outras amigas. Era mais longe da faculdade, mas, mais perto da agitação da cidade.

As oportunidades de estágio e de trabalho surgiam em várias áreas e por meio delas tive acesso a importantes veículos de comunicação, como a Editora Abril e a TV Globo, onde trabalhei no Departamento de Marketing.

Foi um período efervescente da minha vida, que até hoje me abre portas. Fase de muitas descobertas e amigos. Nela me encontrei mais corajosa do que eu poderia imaginar, longe da família, numa cidade grande que tinha tudo para me devorar. Venci, de fato e agora no Direito! Sou advogada e atuo na área de família.