Em setembro comemora-se o centenário de nascimento do fotógrafo e documentarista Thomaz Farkas, que fez doutorado na ECA e foi professor da escola de 1969 a 1972 e de 1979 a 1992
Thomaz Jorge Farkas nasceu em Budapeste, Hungria, no dia 17 de setembro de 1924. Aos 6 anos, imigrou com seus pais para São Paulo. Aos 8 anos, ganhou sua primeira máquina fotográfica.
Formou-se engenheiro pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Fez doutorado na Escola de Comunicação e Artes da USP, instituição onde também atuou como professor. Após o falecimento de seu pai, em 1960, assumiu a direção da Fotoptica, função que exerceu até 1987, quando a rede de lojas foi vendida.
Em 1968, foi preso pelo regime militar sob a acusação de colaborar com a guerrilha e ficou encarcerado uma semana no DOI-CODI.
Entre os anos de 1964 e 1981, foi produtor e coprodutor de 38 filmes documentários de curta e média-metragem, tendo dirigido 3 deles. A maior parte desses filmes, sobretudo os realizados entre 1964 e 1974, integrou o que ficou conhecido como a “Caravana Farkas”. Farkas continuou produzindo até 1981, época de lançamento de “Hermeto Campeão”, documentário sobre a música de Hermeto Pascoal.
Farkas é reconhecido pela sua produção fotográfica tendo realizado exposições nos mais importantes centros culturais e museus do Brasil e do exterior. Ao lado de fotógrafos como German Lorca, Geraldo de Barros, José Medeiros e Marcel Gautherot, é um dos principais expoentes da fotografia moderna no Brasil.
Thomaz Farkas faleceu em 26 de março de 2011, aos 86 anos.
Fonte: https://www.thomazfarkas.com
Thomaz Farkas na ECA
Thomaz Farkas começou a atuar como professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA em 1969, ministrando cursos de Fotografia, Fotojornalismo e Jornalismo Cinematográfico. Em 1970, organizou a I Exposição de Fotografia Jornalística no CJE e projetou e coordenou a instalação do Laboratório e Arquivo Fotográfico da ECA. Em 1972 seu contrato com a USP não foi renovado por motivos políticos. Foi readmitido em 1979 e se aposentou em 1992. Sua tese de doutorado (Cinema Documentário: Um Método de Trabalho) foi escrita em 1972 e defendida apenas em 1977.
“Quando eu vi que ia se formar a ECA, eu pensei, ‘Isso me interessa porque eu faço cinema, e eles podem querer um professor de cinema’. Fui lá, procurei o Rudá [de Andrade], que era meu amigo, e o professor [José] Marques de Melo, e me ofereci, ‘Quem sabe vocês precisam de mim no departamento de cinema’. Mas esse departamento já tinha um professor de fotografia e Rudá propôs que eu ensinasse fotojornalismo. Então eu ensinei muitos anos o pessoal da escola de jornalismo a tirar umas fotografias, porque muitas vezes o repórter vai sozinho a campo, não tem fotógrafo junto, e assim ele mesmo pode fazer a foto. Tive alunos muito bons, alguns maravilhosos. Já com os professores era mais difícil.” (Thomaz Farkas em entrevista para a revista Pesquisa Fapesp, em janeiro de 2007)
Para sempre Farkas
“Thomaz Farkas (1924-2011) marcou de forma intensa e distinta as duas artes a que se dedicou: a fotografia e o documentário. Na primeira, de maneira solo, formando entre os pioneiros e mestres da moderna foto brasileira; na segunda, sobretudo de forma gregária, assumindo a direção em poucos e personalíssimos filmes.”
“A histórica contribuição de Farkas para o documentário brasileiro conhece seu capítulo fundamental em sua afirmação do produtor como coautor, ao conceber, financiar, produzir e pontualmente fotografar os clássicos reunidos nas séries ‘Brasil Verdade’ (1964-65) e ‘Heranças do Nordeste’ (1969-1970). São mais de duas dezenas de filmes dedicados a tornar visível um Brasil profundo ainda largamente desconhecido, investigado em sua segunda parte pelo que foi posteriormente batizado como ‘Caravana Farkas’. Ainda no calor da hora, Thomaz inventariou e refletiu sobra a experiência numa pioneira tese de doutoramento na ECA, ‘Cinema Documentário: Um Método de Trabalho’ (1972), ainda a esperar a merecida publicação.”
Amir Labaki (Catálogo 29º Festival Internacional de Documentários 2024)
Thomaz Farkas, 100
Homenagem a Thomaz Farkas feita durante a 29a edição do Festival É Tudo Verdade, realizado em abril deste ano. Participaram da 21ª Conferência Internacional do Documentário os cineastas Jorge Bodanzky (que foi professor do CTR no início da ECA) e Eduardo Escorel e o crítico de fotografia Rubens Fernandes Junior, mediados por Maria Dora Mourão, que foi colega de Thomaz na ECA.