Meu filho André sonhou que a gente ia encontrar com ele. Apesar de estar no grupo de zap dos amigos da ECA, o Makoto Shimizu virou membro meio mitológico, por morar no Japão e só mandar mensagem de madrugada (do Brasil). E eis que estamos aqui, em Nagoya, como no sonho.
O Makoto está o garoto de sempre. Acaba de arrumar uma namorada. Trabalha ao lado de um robô japonês. Vai para casa de bicicleta. Tomamos cerveja da boa e comemos missokatzu, porco com molho de missô. Olhem o sorriso na cara dos rapazes.
Deixei de lembrança um “Asas sobre Nós”, que é o meu livro de memórias da nossa geração. Nossa história em comum, desde os tempos de faculdade, que ele viveu também, e levamos com a gente para todo lugar, mesmo longe, mesmo aqui no Japão.
Nada melhor que a presença, nada substitui o abraço. Ele diz que foi o primeiro encontro de ecanos da história em Nagoya. Que venham mais, vamos fazer um Congresso por aqui.
Até breve, Makoto! Arigatô Gozaimasu!
Texto de Thales Guaracy (Jornalismo, 1982) durante sua passagem por Nagoya, no Japão, em visita ao colega Makoto Shimizu (Biblioteconomia, 1982), em julho de 2024.
Makoto mora no Japão desde abril de 2019, já tendo passado por Yokohama e Saitama e, desde 2022, está em Komaki Aichi, perto de Nagoya.
Foi um prazer enorme receber o Thales e o André aqui em Nagoya! Deve ser a sensação de algum futuro pioneiro na colonização de Marte ao receber um terráqueo!
Vim em 2019 para ficar de dois a três anos, já estamos em 2024, e a expectativa da viagem de regresso para Pindorama fica para o final de 2027, talvez 2028, ainda na dúvida se vou aproveitar a alforria da aposentadoria e perambular por países exóticos tendo como destino final, a Terra Brasilis.
A namorada mencionada pelo Thales já era, risos, são realmente tempos de relacionamentos líquidos, evaporou! Sem ressentimentos, após os 60 anos estou descobrindo que a felicidade não depende de outras pessoas ou lugares, está dentro de nós – surpreendentemente estou aprendendo tardiamente sobre a importância da autoestima.
Adorei poder me encontrar com o Thales, um rosto amigo, ainda que não fôssemos íntimos. Viver no Japão, experimentar o chão de fábrica, trabalhar em pé como operário de oito a doze horas por dia, de quatro a seis dias por semana, ao lado de inúmeros outros compatriotas e estrangeiros, dá a sensação de que se está num purgatório, pagando pecados, depurando a alma, risos. As últimas visitas que tinha recebido do Brasil foram da família de um primo e de uma prima, no final de 2019, sem a menor ideia que viria uma pandemia, guerra da Rússia contra a Ucrânia, guerra do Hamas contra Israel. Assim como foram cinco anos imprevisíveis após 2019, certamente podem ocorrer eventos drásticos nos próximos anos.
Adorei o livro “Asas sobre Nós” que ganhei em mãos do próprio autor, com dedicatória e autógrafo! É o meu livro de cabeceira, me emocionou muito quando li que podemos sobreviver sem amar e sem sermos amados… A sensação de não ser amado, e de não amar, ocorre muito nos longos períodos de trabalho em pé, repetitivo, e nas folgas, dias de isolamento, cárcere domiciliar, apesar da abundância alimentar e material.
Que venham mais ecanos para a Terra do Sol Nascente! É uma experiência incrível para turistas, certa garantia de segurança, belezas naturais e novidades! Valeu Thales! Tem a Expo Osaka em 2025, aproveitem o iene desvalorizado! Abração a todos!
Texto do Makoto Shimizu depois da visita do Thales.
Os portugueses chegaram ao Japão em 1543, agora, em 2024, iniciou a saga ultramar do Ecanos ao Japão!