Morreu nesta quinta-feira, 16 de maio, o jornalista esportivo Antero Greco, aos 69 anos, em decorrência de um tumor cerebral. Antero formou-se em Jornalismo pela ECA. Ingressou em 1973 e fez parte da primeira turma do curso noturno de Jornalismo. Também cursou Letras na USP, mas não chegou a se formar.
Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o comentarista marcou época no comando do programa SportsCenter, da ESPN, junto com Paulo Soares, o Amigão. Em 1974 começou a carreira no Estado de S. Paulo, onde trabalhou por 44 anos. Teve passagens por Popular da Tarde, Diário Popular, Folha de S. Paulo, além de ter sido colunista o UOL. Na TV, passou por SBT, Bandeirantes e TVA Esportes, que se transformou em ESPN em 1995.
Cobriu mais de dez Copas do Mundo e diversos grandes eventos esportivos. Era apaixonado por literatura e escreveu dois livros: “Seleção Nunca Vista” e “A Goleada”.
“Sou palmeirense, de família palmeirense. Mas, no trabalho, sou São Paulo, Corinthians, Flamengo, Vasco, Santos… sou o que for. É uma coisa que a gente aprende com o tempo. Uma coisa é o trabalho, outras quando estou em trajes civis.”
Em homenagem ao jornalista Antero Greco, publicamos este vídeo gravado por Raphael Martins e Carolina Vilaverde, da turma de Jornalismo de 2010, para a disciplina “Projeto em TV”, que nos foi enviado por Raphael Martins.
“A ideia era formatar uma entrevista de 5 minutos em vídeo. Pensamos no Antero porque era pré-Copa 2014, e ele sempre foi uma mente fora da curva no jornalismo esportivo. Ele comentou um pouquinho da ECA, da Copa e da sua enorme coleção de livros. Ele tinha um apartamento inteiro de frente para o dele, com uma biblioteca gigantesca, arquivo de trabalhos e colunas, etc. Nunca vi nada parecido. Era um cara fantástico, nos recebeu superbem na casa dele”, conta Raphael Martins.
Trabalho de Projetos em TV (ECA-USP) – Entrevista Antero Greco:
Trajetória brilhante no jornalismo impresso, na TV e na vida
Antero era diferente. Fazia seu jornalismo com um tempero de sarcasmo como poucos. Mas também encantava quando perdia a pose e dava gargalhadas ao vivo. A dupla com Paulo Soares não vai ser esquecida tão cedo. Era de inteligência fina, e tinha um porquê. Tinha mais de 10 mil livros em casa. Em uma segunda casa, de frente para a sua, que servia apenas de biblioteca. “Agora que estou com tempo, leio uns 10 ou 12 por mês.”
Estivemos lá, Carolina Vilaverde e eu, para uma entrevista com ele enquanto ainda éramos alunos de jornalismo da ECA, em 2013. Nos recebeu como se fôssemos importantes, falou sem pressa e com toda a atenção. Não tinha nada do estrelismo digno da estrela que era. Falamos de Copa do Mundo de 2014, dos seus livros e da ECA.
Lembrava com carinho dos seus tempos por lá — como nós fazemos hoje. Contou como sentia muito que nenhum dos laboratórios tivesse sido impresso. “Uma das maiores tristezas da minha vida”. Mas lamentava ainda mais que a discussão política dos seus tempos tenha sido abafada pela ditadura militar. “Qualquer governo autoritário é um atraso de vida”. Até o fim da vida, levou essa filosofia.
Antero morreu nesta quinta-feira (16), depois de uma trajetória brilhante no papel, na TV e na vida de quem cruzou com ele. Não apenas para quem foi um estudante, que teve chance de entrevistar um ícone antes mesmo de começar a carreira, mas para colegas, leitores e espectadores. Não precisa confiar só em mim, veja os relatos que estão por aí hoje. Vá em paz, Antero.
Rapahel Martins (Jornalismo, 2010)
Simplicidade e carisma
O Antero e a Leila Brito se conheceram e se casaram na ECA. O Antero atingiu o nível de sofisticação em comunicação que vai muito além do jornalismo esportivo. É o da simplicidade e carisma. Tudo misturado com a humildade e a Alegria divina de um coroinha. Sim. O Antero foi também coroinha.
Estudei cultura árabe na FFLCH tendo a Leila como colega ao mesmo tempo em que o Antero havia voltado para o Estadão. A Leila, que é irmã do Paulo (o famoso PB) e do João Brito, nosso calouro de ECA 83, me contava algumas histórias do marido já célebre. Pais de um filho palmeirense, naquele tempo em que o Verdão perdia, ela ficava desesperada ao ver o menino sair puto de casa em dia de derrota e virava para o Antero e o acusava: “É sua culpa.” E o Antero ia atrás do filho, pelas ruas da Pompéia/Perdizes à procura do menino desconsolado.❤
Eu encontrei o Antero subindo as escadas do Estadão (no meu caso era pra me exercitar/ evitar pessoas em situação desagradável e agressiva como o Rodrigo Mesquita fumando charuto no elevador). O Antero, soube por ele mesmo, porque ele era claustrofóbico. Na copa da Coréia/Japão, não se sabe se por erro ou azar, o colocaram num quarto de hotel no 40° e tralalá andar. Ele subiu de escada todos os dias em que cobriu os jogos. Vai ver que foi por esse sacrifício esforçado do Antero que saímos penta. ⚽️ RIP, Antero Greco.
Marina Makiyama (Jornalismo, 1983), em texto escrito para seus colegas de turma
