A ECA sempre foi um sonho, uma idealização na minha vida, vez que o ‘status USP’ de alguma forma estava impregnado no meu destino, praguejado pelos professores que viam em mim algum potencial por ser a mais nerd do colégio. Poder estudar em uma escola pública e gratuita também foi essencial para minha escolha. Confesso que não tive um desempenho expressivo na 1ª fase da Fuvest, mas como quase havia gabaritado o Enem, recebi bônus points que me colocaram na 2ª fase. Aí, foram noites viradas estudando, inclusive nas festas do fim de 2001, e o resultado veio em fevereiro. Já a escolha do meu curso foi um tanto quanto conturbada: eu sempre gostei de arte e acreditava que a publicidade, mais especificamente a área de criação, daria conta da minha criatividade reprimida. Ledo engano. Nunca atuei com criação em toda minha carreira. Todavia, posso dizer que sou uma comunicadora social raiz, de boca cheia e com muito orgulho.
A ECA abriu as portas do meu universo limitado. Entrar na USP e ter contato com tantas escolas, guetos, grupos e linhas de pensamento foi o que formou meu caráter. Antes de tudo, estar em uma escola pública despertou em mim o sentimento de responsabilidade para com o coletivo/social. Era necessário fazer valer meu tempo ali e minha formação não poderia estar à mercê apenas da minha egótica sobrevivência. Agora eu tinha MAIS QUE NUNCA A MISSÃO DE FAZER A DIFERENÇA PARA O MUNDO.
Já profissionalmente falando, a ECA me abriu portas. Mais que uma escola de renome, a reputação da ECA me deu de presente alguns estereótipos (em sua maior parte positivos). Certamente a formação humana me trouxe o diferencial que outros colegas de área não tinham (não é de se negar que o desenvolvimento técnico/instrumental de seus alunos é um dos seus pontos fracos). No fim, mais que matérias e conhecimento aplicado, a maior contribuição da ECA em minha vida foram os contatos que fiz, amigos que cultivo até hoje e abertura do meu olhar para a pluralidade, para o diverso, para o caórdico, para o pulsante, para o político e para o inconformismo que nos leva a estar sempre em construção.
As cenas que mais me marcaram foram as viagens, competições, cervejadas, Quintas e Brejas e toda sorte de integração e trocas com os colegas de curso. Não tenho causos específicos e interessantes, creio, só memórias esparsas que talvez possam interessar: DJ Paulada animando as cervejadas; reuniões vespertinas da Atlética (fui diretora de modalidade de Natação e de Dança da gestão 2003 – Manunkai); o restaurante da Dona Hermínia sempre cheio e salvador da fome; os mundrungos e cachorros do CA, em seus sofás sujos….; a prainha e suas atividades “não tão lícitas”. Xerox, Biblioteca, leituras, REFLECONS!! Aulas da professora Roseli maravilhosa naquele auditório que juntava três ou quatro cursos – e que troca linda de meu Deus. Professor Luli com sua calça de vaca na aula inaugural. O sofrimento para conseguir locar uma das duas ou três máquinas fotográficas digitais disponíveis para as aulas de fotografia (só!! nem existiam os smartphones ainda). Meu primeiro emprego foi na ECA também, no laboratório do professor Luiz Milanesi – o LIMC. Passei tardes bacanas ali, onde comecei meus passos profissionais e tive contato com muita gente bacana que me inspirou. Acho que é isso!
Aluno | Turma | Curso |
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Datise Piazza Biasi | 2002 | Publicidade e Propaganda |
Depoimento originalmente concedido a Luiz Milanesi em janeiro de 2017 por ocasião dos 50 anos da ECA e atualizado em dezembro de 2023 para inclusão no ÁgoraECA.