Entrei na Comunicação em 1978 e me formei em 1981 em Editoração. O que me motivou a tentar a vaga, além da qualidade do ensino e minha vontade de estudar na USP, foi a grande conexão com os livros. Hoje o curso abrange outros suportes, mas a vontade de lidar com as palavras (bem) escritas permanece.
Digo sempre que a ECA foi decisiva para a minha formação e para eu ser quem sou hoje, tanto em termos profissionais quanto pessoais. Cheguei à faculdade muito cedo, com 17 anos, e nunca tinha vivido em uma cidade grande, embora Santo André fosse “logo ali”. Então o que li, ouvi, os amigos que fiz (e que de tempos em tempos se reúnem em encontros muito carinhosos), as circunstâncias políticas (o AI5 tinha acabado de ser revogado), tudo foi marcante e formador. A matéria do professor Luiz Milanesi, que eu “meio que amaldiçoava” na época, foi muito importante para me ensinar a ler e estruturar informações, recurso que uso até hoje.
Tenho um escritório de produção editorial focado em design e produção de conteúdo há quase 30 anos. Sempre permaneci na área de estudo.
Segue um caso (entre muitos!). Um dos grupos da sala, no primeiro semestre de 1979, durante um trabalho de Fundamentos Sociológicos da Comunicação, apresentou um seminário bem diferente: estávamos em aula numa daquelas salas do tipo arena, em que a porta fica nos fundos, quando de repente alguns alunos, juntamente com membros do Centro Acadêmico, entraram muito agitados e aos gritos, dizendo que a USP estava cercada pela polícia, que ninguém poderia sair, e não sabiam o que iria acontecer conosco! Bem, a ECA era uma das escolas mais combativas do campus, o CA era dirigido pelo pessoal da Liberdade e Luta, então imagina o susto. De certo com um celular ligado à internet as coisas não pareceriam tão assustadoras, mas obviamente não havia nada disso (aliás, nem computador pessoal). Depois de vários minutos de pânico, um dos integrantes dá um berro e levanta as mãos: PARA TUDO! E calmamente nos explica que aquilo era apenas uma encenação para demonstrar um dos pontos da matéria, que sinceramente nem me lembro mais. Devia ser algo como “comportamento de massa”, ou algo nessa linha. Inesquecível!
Segue uma foto tirada por mim. Depois do seminário, ficou escrito na lousa “Viva a Anarchia”, 1979.
Aluno | Turma | Curso |
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Denise Faria | 1978 | Editoração |
Depoimento originalmente concedido a Luiz Milanesi em 2016 por ocasião dos 50 anos da ECA e atualizado em outubro de 2023 para inclusão no ÁgoraECA.