Você sabia que a ECA teve um papel fundamental na formação do movimento musical Vanguarda Paulista? Pode-se dizer que tudo começou na ECA, entre o final da década de 1970 e meados da década de 1980. Lá estudavam Arrigo Barnabé, Hermelino Neder, Suzana Salles, Mario Manga, Claus Petersen, Igor Lintz Maues, Antonio Marcelo Galbetti, Luiz Tatit, Hélio Ziskind, entre outros – a Suzana fez Jornalismo, mas a maioria era do Departamento de Música. E assim por lá surgiram Arrigo Barnabé e a Banda Sabor de Veneno, Premeditando o Breque e Grupo Rumo. Junto com vários outros grupos e artistas como Língua de Trapo, Itamar Assumpção, Ná Ozzetti, Tetê Espíndola, Vania Bastos e Eliete Negreiros – as duas últimas da FFLCH –, eles marcaram a cena da música independente de São Paulo, apresentando-se no I Festival Universitário da TV Cultura de 1979, em festivais de MPB da década de 1980, no famoso teatro Lira Paulistana e em espaços como Sesc Pompeia, MIS, MASP, além de parques, praças e faculdades da cidade.
No Festival Universitário de MPB da TV Cultura, a ECA ganhou o primeiro e o segundo lugares, com “Diversões Eletrônicas” (Arrigo Barnabé e Regina Porto), defendida por Arrigo Barnabé e Banda Sabor de Veneno, e “Brigando na Lua” (Mario Augusto Aydar), defendida pelo grupo Premeditando o Breque.
Agora em março, um dos marcos da Vanguarda Paulista, o LP “Clara Crocodilo”, de Arrigo Barnabé e Banda Sabor de Veneno, lançado em 1980, foi relançado em edição especial.
Tive o prazer de assistir a shows de todos os citados na matéria! E lá por volta de 1984, 85, o Premê, que já fazia sucesso dentro desse público da virada Paulista, uma vez fez um show gratuito e bem mal divulgado à tarde, dentro da ECA, em homenagem ao seu (deles) professor de fagote, que foi inclusive pego de surpresa sendo convidado/obrigado a tocar uma música com o grupo. Foi o único show que vi que contava com a presença de Igor Lintz Maués, que acabara de voltar de uma viagem. Como foi a única vez que entrei no Departamento de Música, não sei dizer qual foi a sala, que sequer tinha cadeiras. As pessoas que foram assistir ficaram em volta do grupo, que teve uma certa dificuldade pra saber pra que lado tocar. E diante dessa dúvida, o guitarrista Mário Manga soltou: “Bom, pra gente não ficar tocando de costas pra ninguém, vamos fazer o seguinte: a gente vai ficar virado pra este lado, e vocês ficam andando em círculos, assim todo mundo pode ver…”
Que bacana, Pedro. Muito legal essa lembrança. Topa escrever um texto contando essa história para a nossa seção Crônicas Ecanas? Aproveitamos também para convidá-lo a enviar o seu depoimento, contando como foi parar na ECA. Abraço.