Como fui parar na ECA e nunca mais saí? Bem, como a maioria dos jovens de 17 anos que precisam escolher a futura profissão, eu era tonta e não sabia muito bem o que fazer da vida. Para piorar, morava no interior e era pobre. Hoje moro em São Paulo, continuo na ECA, tonta e pobre, mas o tema não é esse.
Optei pela ECA porque só conseguiria estudar em universidade pública e em São Paulo, porque odiei cada minuto que passei no interior. E a ECA, além de ter alguns cursos que me interessavam, como Biblioteconomia, Jornalismo e Cinema, oferecia a possibilidade de adiar um pouco a escolha final. Na época, a gente prestava vestibular para a ECA e escolhia o curso no segundo semestre. Acabei optando por Biblioteconomia, sobretudo devido ao mercado de trabalho. Bibliotecários conseguiam trabalho com facilidade, até mesmo antes de concluir o curso. Pagar bem, não pagava, mas isso era outra história. Jovens não pensam muito em aluguel, convênio médico e conta de luz, até que essas coisas batam em sua porta. Na época, pelo menos, não pensavam.
E como foi que acabei ficando na ECA? Começou quando, ao passar pelo corredor do primeiro andar, vi uma porta com a placa “Filmoteca” e pensei que seria um lugar bacana para trabalhar. Tempos depois, me ofereceram justamente esse posto. Pagava menos do que eu pagaria para uma faxineira, se tivesse uma, mas parecia legal. E até que foi. Para uma bibliotecária que não gosta lá muito da profissão, trabalhar com acervos de filmes, música e imagens era mais estimulante, e jamais encontrei outro emprego onde pudesse fazer isso e receber um salário no final do mês. Claro que, depois de 38 anos e muitas greves, o salário deu uma melhorada. Agora piorou de novo, mas acho que não vou durar muito mais. Hoje sou bibliotecária de referência da Biblioteca da ECA, aquela pessoa que ajuda o pessoal nas pesquisas e, ao contrário da lenda, não faz “psiu” para pedir silêncio.
Aluna | Turma | Curso |
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Marina Macambyra | 1979 | Biblioteconomia |
Bibliotecária da ECA desde 1983 |
A Marina Macambyra é modesta! O documentário sobre o Jean-Claude Bernardet Inclui o nome dela nos agradecimentos. Deve ter ajudado muito.
Oi Teresa! Que incrível! Obrigada pela informação! Você estudou na ECA também?
[…] Fotos: Blog da Biblioteca da ECA, Jornal da USP, Marina Macambyra […]